sexta-feira, 5 de outubro de 2007

A fraude ambiental do PT e PMDB

Este texto foi escrito há mais de três anos. À semelhança de um outro que requentei esses dias, que trata da perseguição ao único vereador genuinamente popular de Niterói, esse também parece escrito ontem. A política ambiental do governo Cabral é a continuidade dos desígnios ambientais do PMDB, o grande degradador socioambiental do Rio de Janeiro. O conchavo federal PT – PMDB trouxe definitivamente pra Niterói essa política perversa que está destruindo a cidade, sua história e descaracterizando sua população.


De Moreira à Garotinho,
O Meio Ambiente do PMDB e
A Perseguição aos Sitiantes e Pescadores


Atribuir qualquer coisa de positivo a Moreira Franco no que diz respeito a qualquer ação ou política pública em favor do Meio Ambiente é, no mínimo, uma piada. E uma piada de muito mau gosto, humor negro mesmo, às raias da morbidez, uma piada ambientalmente ímpia.

Tal formulação é típica do discurso das elites econômicas dominantes ou, neste caso, manifestação de alguns "laranjas" do PMDB que estão isolados no movimento social. Uma peculiaridade de quem não possui nenhuma capacidade propositiva aceitável, porque tudo o que (mal) formula está ligado a algum interesse político-econômico específico, algo sempre estranho à preservação ambiental e ao bem estar social. Quem tanto clama pelos interesses coletivos, escamoteando interesses privados e assim permanece, clamando, reclamando, declamando, exclamando, proclamando... Sem nada propor ou executar qualquer ação que se reverta em práticas efetivas de preservação ambiental. Quem esteve trancado num apartamento durante a maior parte da sua existência, desenvolvendo toda sorte de alter-egos, neuroses e psicoses, dando palpites para alhures, interferindo nocivamente na vida alheia, oprimindo gente indefesa para favorecer a cobiça do poder econômico. Quem nunca trabalhou na vida pra saber o que é ter responsabilidade e o que significa ter que fazer esforço para prover seu próprio sustento. Quem não consegue se agüentar sobre suas próprias pernas, necessitando permanentemente de apadrinhamentos. Quem opta por uma auto-alienação conservadora, de direita reacionária. Quem faz do Meio Ambiente um balcão de negócios e um palanque para suas fanfarronadas auto-promocionais de pretensões eleitoreiras, enfim, quem assume tais comportamentos, está reproduzindo exatamente o modelo comportamental politicamente incorreto que a sociedade brasileira está repudiando veementemente nos dias de hoje.

Os governos municipal e estadual, os quais Moreira Franco esteve à frente, notabilizaram-se pelas degradações ambientais que provocaram. Mais recentemente, ele conseguiu bater todos os recordes: causou um dano ambiental de altas proporções e com grande prejuízo aos cofres públicos, apenas com sua campanha eleitoral. Imagina se tivesse sido eleito de novo... Foi Moreira quem implantou as bases do crescimento urbano desordenado de Niterói, herança adquirida por Jorge Roberto que, por sua vez, inaugurou o modelo vigente, o mesmo que transformou a cidade num "Shopping Imobiliário". Tal é a política de concentração patrimonial continuada por Godofredo, ou melhor, aperfeiçoada, porque este governo atual, em menos tempo, está conseguindo superar o Jorginho em matéria especulação imobiliária e suas conseqüentes degradações ambientais. O retorno de Moreira Franco tentando a Prefeitura de Niterói, foi um fragoroso fracasso eleitoral, com o NÃO rotundo que a população lhe deu, um NÃO tão grande que ele se acovardou e jogou a toalha antes do segundo turno, porque já podia antever a lavada que iria tomar se continuasse no pleito. Esse "Retorno do Moreira – O Túnel", representou um pesado prejuízo ao erário público: R$ 2.000.000,00 do Governo Federal e R$ 500.000,00 do Governo Estadual. Ou seja, armou uma jogada política na Agência Nacional de Águas e no Governo do Estado pra captar um dinheiro público que se revertesse em sua campanha eleitoral. Moreira fez campanha em Niterói durante mais de dois anos e despontou na eleição para prefeito como o grande salvador do sistema lagunar Itaipu-Piratininga.

O projeto foi enfiado goela abaixo da população: não houve nenhuma audiência pública formal aceitável para sua aprovação (até hoje quero ver as atas!), mas apenas algumas reuniões localizadas onde os questionamentos apresentados jamais receberam uma resposta técnica adequada. Assisti uma reunião surreal conduzida pelo "Papa dos Recursos Hídricos", secretário do Godofredo que papou todos os salários e nada devolveu em águas limpas. O que houve, isto sim, foi uma grande solenidade de lançamento, com Moreira, Conde e Cia., com muita pompa, grande palanque e muita mídia, tendo estado presente o governo municipal à época, Jefferson e Godofredo, assumindo um comportamento de "vaca de presépio". O projeto era uma aberração técnica que agora se desmascara, pois, para além de lançar água salgada sem mais nem menos num sistema de água salobra, não contemplava nenhuma providência no sentido de conter os principais vetores de poluição, ou seja, os cursos d'água que deságuam nas lagunas. Sequer chegamos à situação de sermos voto vencido porque nos foi tolhido qualquer direito para se expressar a respeito. No entanto, sempre defendemos que o problema do sistema lagunar deve ser tratado à jusante, e não à montante!, conforme nos prometiam capciosamente que iriam fazer. Primeiro iam cuidar das lagoas (sic) pra depois resolver o problema dos cursos d'água. Fala sério, né?! Qualquer criança é capaz de avaliar que isso é uma estupidez. Agora está feita a lambança: a obra está parada e ninguém consegue explicar o "por que" (parece que está desabando por erro de cálculo); ficou lá um buraco perigoso na pedra, foco de doenças, dano à paisagem e ameaça à segurança da população; detonaram um monumento natural (costão rochoso – APP); utilizaram as pedras que saíam para cometer um crime milico-ambiental, aterrando um brejo próximo, no Imbuhy, e vai por aí afora. Dois milhões e meio de reais do erário público jogados no lixo e ainda teremos que gastar outros bons milhõezinhos pra resolver essa bagunça que ficou lá.

Apenas a história dessa obra visionária, um túnel cavado na pedra onde a água entraria sem bombeamento, é suficientemente eloqüente para uma avaliação do que tem sido a política irresponsável do Garotinho e do PMDB no RJ. É uma espécie de política espetáculo, "à la Collor", só que de maneira infame, sem o glamour colorido, como uma espécie de terrorismo. É preciso que as pessoas sintam muito medo para que o grande salvador Garotinho possa socorrê-los. Viaturas da PM permanecem inutilmente paradas em locais visíveis para que a população tenha a "sensação" de segurança. Ou seja, literalmente, um direito fundamental da população é tratado como objeto de sensacionalismo. É hediondo o que ele já fez para se auto-promover cada vez que ocorre um grande episódio de violência no Rio. Antes, durante sua campanha para governador, prometia que iria acabar com a violência cientificamente. Dizia que tinha estudado na Europa. Até livro de sua autoria apresentava para demonstrar suas capacidades. Acabou tornando-se um recordista de violência ao entregar o governo pra Bené. Depois bateu seu próprio recorde atuando como secretário de segurança da sua esposa. Moreira, por sua vez, quando foi candidato a governador, prometeu que acabaria com a violência em seis meses. Ao final do seu governo, a imprensa já tinha noticiado acerca dos criminosos violentos que faziam parte da sua assessoria mais próxima...

Agora estão todos juntos no PMDB e nem precisa discorrer muito sobre o que tem sido a atuação do tripé administrativo, FEEMA, SERLA e IEF. A primeira tem berrado na mídia com os esquemas corruptos habituais. A segunda, nem chega a ser preciso falar desse túnel, basta ver as fotos estampadas nos jornais do ano passado com um trator da SERLA ostentando sua logomarca, enquanto trabalhava de graça para a especulação imobiliária nas obras ilegais sobre aterros e sambaquis em Camboinhas.

Mas é o IEF quem está inovando: agora resolveu assumir em definitivo uma postura autoritária para perseguir e oprimir gente humilde, populações tradicionais, caiçaras e demais atingidos por UCs, para favorecer a especulação imobiliária, é claro. Estão fazendo isso agora em Paraty, na Serra da Tiririca e em diversos outros locais. Perseguir sitiantes na Serra da Tiririca é atitude corriqueira do IEF há muito tempo, mas tem se intensificado muito na administração atual. Agora usa até "laranjas" (quadros do PMDB) para promover uma ostensiva campanha difamatória na imprensa contra os sitiantes e interpelá-los judicialmente, com denúncias fajutas no MPE e no MPF. Tentam encontrar meios de fazer cessar o direito dos sitiantes à terra. Tentam fazer calar a verdade inexorável de que foram os sitiantes que travaram a grilagem e a especulação imobiliária e impediram o avanço sobre a serra. Ainda com a administração anterior, já tinham aprontado horrores de constrangimentos com os pescadores no Morro das Andorinhas e com os favelados na beira da lagoa de Piratininga, que sequer fazem parte do PEST formalmente, isto é, está fora de sua jurisdição. Na época, entre outros absurdos, o brilhante administrador queria algo como um controle de natalidade, para que os pescadores, ocupantes sesquicentenários daquele lugar, não aumentassem sua população.

Os fatos têm se acumulado e as arbitrariedades aumentando. Demonstrar tal afirmativa está cada vez mais fácil: há poucos dias, o administrador do PEST, enviou um e-mail desrespeitoso ao vereador Paulo Eduardo, e-mail desaforado mesmo, cheio de erros de português, só faltando chamar de irresponsável o segundo vereador mais votado da cidade. Estava indignadíssimo, só porque o vereador permitiu veicular no informativo do seu mandato uma pequena nota da ASSET (Associação dos Sitiantes Tradicionais da Serra da Tiririca), que tratava da defesa dos antigos limites do PEST, que o IEF quer diminuir. O administrador ficou tão indignado que ainda ligou pro telefone do vereador pra falar mais asneiras. O fato é que os sitiantes defendem uma maior preservação ambiental baseada na manutenção dos atuais limites do PEST, definidos no decreto de 1993, enquanto o IEF pretende diminuir o parque em cerca de 30% de sua área. O próprio atual presidente, nas primeiras semanas da sua gestão, alertado quanto a isso, respondeu na maior cara de pau que o IEF "retira aquilo que interessa e deixa o resto pra lá". Ou seja, não tem nenhuma lei federal que proteja a Mata Atlântica. Não tem Código Florestal. Não tem decreto 750. Não temos que cumprir nenhum compromisso internacional que observe a conservação de uma Reserva da Biosfera, não temos que ser rigorosos na proteção de um Patrimônio da Humanidade, menos ainda com seu entorno. O que "interessa" para o IEF é a liberação de terras supervalorizadas para os empreendimentos imobiliários, criminalizando as populações nativas cujos direitos atrapalham os empreendimentos.

No ano passado, foi invadido mais um sítio lá no Vaivém. Trata-se de mais um sítio centenário, neste caso, um sítio que fica em frente ao famoso sítio do Dr. Neiva, aquele que foi invadido por grileiros no apagar das luzes da Dinastia Jorge e consolidada sua ocupação na sucessão do vice Godofredo, que ali licenciou e tributa em cima de fraudes cartoriais. A nova invasão foi num sítio pertencente a um casal idoso e comandada pelos mesmos grileiros. Todos corremos lá pra ajudar. Até o dep. Carlos Minc baixou lá com a polícia e a imprensa para se exibir e "ajudar" a conter os grileiros. Os grileiros tinham iniciado a abertura de ruas e a "limpeza" de lotes, já tendo conseguido desmatar muitos milhares de metros quadrados de mata. O brilhante administrador do IEF, ao invés de tentar conter os grileiros, diante dos quais se acovardou, resolveu multar o dono do sítio que estava sendo esbulhado! Um homem idoso que há décadas cuidava daquela terra, advogado, pessoa instruída e consciente, que cumpria a risca as leis ambientais. Como se não bastassem os constrangimentos e as ameaças que sofria aquele sitiante, o administrador tentou fazer parecer que o criminoso ambiental seria o sitiante e não os grileiros que desmataram e tentavam esbulhar a terra. É mole ou quer mais?

Tem muito mais, mas vamos encerrar com o que é mais lapidar nessa história toda: o Conselho do PEST, que não existe até hoje. O IEF tem tentado por todos os meios e modos impedir a participação dos sitiantes e dos pescadores no conselho do PEST. Baixou uma Portaria que desrespeita flagrantemente o SNUC, feita aparentemente sob encomenda para tolher a participação de sitiantes e pescadores. As primeiras tentativas de implantação do conselho datam dos últimos dias do governo da Bené, depois entrou pelo governo da Garotinha e até agora nada. Fizeram uma tentativa recente, sem convocação adequada, mas os sitiantes e pescadores, junto com outros representantes atentos do movimento social, baixaram lá e não deixaram passar, pois são os que mais têm direito de sentar neste conselho. Moral da história: inventam todo tipo de dificuldades e expedientes pra tentar fazer passar um conselho espúrio, composto exclusivamente pelos "laranjas" do IEF. Deflagraram na imprensa e na Internet uma campanha massiva contra os sitiantes e contra os pescadores que desejam a reserva extrativista. Inventaram calúnias, denúncias formais e processos judiciais para criminalizar sitiantes e pescadores. Agora tentam desagregar o movimento e a organização das populações nativas, tentando cooptar uma ou outra liderança e quadros representantes dessa gente. É uma tirania velada esse governo Garotinho.

Por fim, se quisermos iniciar um bom estudo acerca de um dos grandes responsáveis pela degradação ambiental em Niterói e no Rio de Janeiro, já sabemos por onde começar:
O nome dele é Moreira! Depois veio o Garotinho.
Agora o Cabral, com o apoio do Carlos Minc.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

As Maiores Fraudes Ambientais do Brasil

Vaidades & Corrupções



Esse depoimento é para, quem sabe, inspirar juízes, promotores, delegados ou quaisquer autoridades que resolvam combater os crimes ambientais ocorridos dentro da máquina pública no Rio de Janeiro. A última década comprova com inumeráveis acontecimentos onde sempre aparecem as mesmas pessoas, os mesmos quadros políticos. Existem tantos registros para comprovar as irregularidades, tráfico de interesses, incongruências, erros técnicos, incompetências, injustiças, tantos fatos que, por mais que tentem maquiar ou apagar os rastros, sempre vai ficar algum sinal.

Desmatamento na Serra da Tiririca

Introdução

No final do Regime Militar todo o corpo burocrático que os militares montaram na administração pública estava corrompido. O regime que começara tendo como justificativa caçar "comunistas" terminava com a volta da esquerda querendo compartilhar o poder, um poder agora assentado sobre bases corruptas bem consolidadas. Duas décadas depois de término do Estado de Exceção, a esquerda, que naquele tempo não detinha quase nada do controle da máquina pública, começa agora, por cima da carne seca, a padecer daqueles mesmos males do Regime Militar depois de corrompido.

É nos cargos chaves de controle da máquina administrativa que podemos observar o trânsito dos vários grupos políticos que se alternam nos inumeráveis cargos comissionados. Cargos que eram para garantir o controle da máquina estatal e a execução dos projetos do governo e demais setores do Estado, servem exclusivamente ao arranjo fisiológico de acomodação de diversas forças políticas no poder e navegam a deriva no desarranjo da burocracia. O cidadão contribuinte financia os próprios instrumentos de dominação social que o subjugam. O governo Cabral loteou a máquina pública entre PMDB, PT e outros. O PT passou a cumprir um papel histórico de protagonista da corrupção do poder público, prosseguindo nessa verdadeira peça que a História nos pregou, tais foram os resultados de corrupção que o governo Lula alcançou. Quantos anos o STF vai levar no julgamento da quadrilha do mensalão?

Esses dias no RJ, todos os servidores do Estado na rua reclamando de salário pararam o trânsito, ocuparam todos os noticiários e o Cabral oferece um aumento literalmente do tamanho de uma balinha. Oito meses de governo e o Cabral começa a afundar cada barco da sua frota em várias áreas do governo. Na Segurança, mata inocentes com balas perdidas e revela pouco uso da inteligência no combate ao crime. Nem com o alto astral do Pan conseguiu reverter o ambiente e a sensação de domínio do crime. Passado o êxtase da festividade, voltamos à nossa triste e dura realidade de violência e desordem cotidiana.

Diversas embarcações da esquadra do Cabral navegam a deriva, estão fazendo muita água e já vão ao largo. O barco do meio ambiente é dos que mais está fazendo água e se distancia. Navega em águas poluídas. Está sendo engolido pela degradação ambiental e naufraga num lodaçal de acobertamento de crimes, de omissões, de mentiras em público, de incompetências diversas. A cota do governo federal no governo do Cabral pode vir a se tornar um estorvo para o governo do estado e uma queimação para o governo federal. Dizem por aí que o PT do Rio é o pior PT do Brasil...

O Comandante da Nau Ambiental perde-se em Vaidades & Corrupções. É o antigo deputado vintenário, que ora está secretário e continua varrendo para debaixo do tapete as próprias sujeiras que produz. É “o” ambientalmente incorreto. Sua relação com o meio ambiente é unicamente teatral, um palco para acender seus holofotes políticos. Apenas a principal fachada esculpida por sua estratégia de marketing. Há duas décadas, fiz campanha para eleger o deputado vintenário no seu primeiro mandato. Antes do término desse primeiro mandato já fora possível observar-se que se tratava de mais um oportunista de esquerda que surgiu no apagar das luzes do Regime Militar. Falava até em descriminalização da maconha. Se tivesse aprovado estaria voltando atrás agora... Parece que se confirma historicamente o PT ter sido uma concessão e apoio dos militares a alguns setores da esquerda para desmembrar das correntes comunistas e populistas. Dividir para governar... Dá-lhe Golberi! Muito mais malvadeza que o ACM! Depois de morto teu projeto continua em curso! Quem diria que alguns grandes ícones da esquerda viriam historicamente compor o enorme entulho corrupto e autoritário que o Regime Militar nos legou? Mas será que estava previsto vazamentos e processos no STF pela primeira vez na história?

Às grandes indústrias de dominação e corrupção estatal, tais como a Seca do Nordeste, a Saúde Pública, a Merenda Escolar etc., vieram se somar outros grandes filões de faturamento na máquina administrativa como a Violência e o Meio Ambiente. O primeiro é o campeão dos noticiários. O segundo tem concedido ganhos políticos incomensuráveis a pilantras que mal se assemelham a um natureba de asfalto. Pessoas que passam a maior parte do tempo em ar condicionado e expostos à luz fluorescente e passam a decidir acerca das questões ambientais. É por isso que o Rio de Janeiro hoje já tem até criminoso ambiental (despachante ambiental) foragido, com a Polícia Federal atrás dele. É pois no meio deste ambiente que, durante duas décadas estaduais, o deputado ateve-se a forjar leis e instrumentos de regulação ambiental que resultaram em restrições pouco mais severas aos degradadores. Instrumentos legais, muitos deles, tecnicamente mal formulados para facilitar a distorção, por vezes violando instrumentos federais hierarquicamente superiores, tais como a Constituição da República. Agora trata de revogar essas leis, uma por uma, alcançando ainda mais altos níveis de ilegalidade, numa aparente venda de facilidades para as dificuldades que criou.


Serra da Tiririca

Após ostentar por uma década em seu site a falsidade do Parque Estadual da Serra da Tiririca como uma lei cumprida, sem nunca e até hoje se ter um realizado um único levantamento fundiário decente, um plano de manejo qualquer, um simples zoneamento ecológico, nada no sentido da implantação efetiva da unidade de conservação. Inaugura sua administração no Executivo cometendo apenas a maior fraude ambiental da história do Brasil. Aliou-se aos laranjas do PMDB defensores da diminuição e revogou o decreto de 1993 que delimitou a unidade de conservação. Entregou valiosíssimas porções de terra, importantíssimas para a preservação do parque, para o desmatamento, para a especulação imobiliária, ao mesmo tempo em que acobertam crimes ambientais de flagrante dolo, alguns cometidos por seus próprios quadros políticos, lixos da banda podre do partido, outros por personagens participantes do jogo político e da corrupção instalada na máquina administrativa. Sob a conceituação técnico-falaciosa dos limites provisórios/definitivos, escamotearam uma descarada diminuição do parque em quase um terço e ainda de quebra acobertaram fraudes cartoriais e invasões de todos os tipos. Cedeu a uma proposta ilegal, inconstitucional, que há uns oitos anos vinha sendo recusada, porque além da degradação ambiental haverá de recrudescer antigos conflitos fundiários na serra, desta feita, favorecendo a grilagem de terras públicas e privadas.


Deserto Verde
A outra lei de sua autoria que está revogando é a do deserto verde, em benefício do lobie da celulose. Não que o eucalipto não seja uma planta maravilhosa, medicinal, madeireira, melífera etc.. Nem que a indústria da celulose não tem importância. Toda biomassa tem importância! Tampouco reconhecer que bem melhor seria uma roça de toco de eucalipto do que o estado de degradação em que se encontram algumas terras no estado. Não, nada disso. O que causa espécie neste caso é a falta de sensibilidade do homem público para os problemas sociais. Não consegue formular no sentido de gerar muito mais riqueza por hectare e promover distribuição de recursos em nível estrutural. Poderia até conciliar a celulose com outras culturas e providências de recuperação da Mata Atlântica. Tudo gerando renda e regularização fundiária para a população e não para multinacionais. Meu Deus! Encaixa a multinacional neste processo produtivo de modo contributivo, cooperativo, sob controle, civilizadamente. Mas não: é a adoção de uma mentalidade que não contempla em absoluto o princípio da distribuição equilibrada dos recursos na sociedade. Talvez seja pedir um pouco demais para uma mente tão elitista, cuja capacidade de pensamento não consegue abranger um universo pouco maior que a Zona Sul do Rio de Janeiro.


Morro do Morcego
Eis pois que o Comandante da Nau Ambiental, nesta frota do Cabral, no anti-local da fundação carioca, no lado de cá da entrada da baía de Guanabara, no Morro do Morcego, vem a público, dá faniquitos políticos e se diz ofendido por que o chamaram de cacique. Por que será? Não gosta da idéia de ser confundido com um índio, conforme respondeu literalmente? Que escorregada preconceituosa... Por causa disso deu pití e não quer mais conversa. Mandou o CCOB ir discutir com outro. Desviando a atenção para o fato de que, todo o tempo nesse debate, era conhecedor de um licenciamento dado pela prefeitura para o corte de árvores que estava sendo denunciado. Parece afinal que a falta de combustível, o problema do CCOB com o governo e os outros argumentos improcedentes, eram apenas desvios de atenção. Ato deliberado de descumprimento do dever, daquele que está no comando e recebe a demanda da sociedade, que quer, porque quer, a preservação do Morro do Morcego. Mas essa chefia se ofende com um tratamento jocoso que até confirma o seu o poder e sua autoridade. Comete um disparate: foge ao seu dever negando utilizar os instrumentos que o poder de estado confere à sua pessoa e tenta fazer parecer que sua autoridade estaria contestada. Ou é um idiota ou pensa que idiotas sejam os cidadãos.

Ora, ninguém tem problema de relacionamento com o poder público aqui. É que nóis aqui do lado de cá é diferente de Zona Sul. Nóis aqui é papa-goiaba. Se nóis tá com pobrema aqui, nóis apela é pro governo e no governo nóis gosta de falá é com o chefe. Aqui nóis tem cacoete de capitalr do estado tambéim. O papa-goiaba está hoje para a cidade do Rio de Janeiro como o carioca está para Brasília. Pro funcionalismo a dor de corno é a mesma... Agora, se o secretário num é chefe, num é cacique, então pega seu boné e pula fora daí, porque se estão devastando e ocupando o Morro do Morcego o governo vai ter que responder por isso. Se não é cacique, tuxaua, pahi, chefe, manda-chuva, líder, comandante, governo, autoridade ou o escambau que consiga ter uma atitude equilibrada de comando, o que será afinal um Secretário do Estado do Rio de Janeiro? Virou cabide de emprego também? Igual à maioria dos seus subordinados ocupantes dos cargos comissionados? Que eu saiba, acima do cacique do meio ambiente aqui no Rio de Janeiro só tem o Cabral. Ou será que o secretário não manda nada mesmo e o faniquito político teria sido apenas um ato falho?

Parece que o deputado vintenário ainda não largou o cacoete de parlamentar ou, agora então secretário, a sua vaidade acabou por obstruir de vez sua percepção. Ainda não se deu conta de que está secretário, de que é Executivo, que agora é vidraça. Não dá pra dar um daqueles pitís de deputado e sair do plenário. Não é assim que toca a banda no Executivo, esfera estatal que nunca freqüentou. Agora que tem que fazer coisas, resolver problemas, dar respostas, pois ele e sua equipe são pagos pra isso. Sim: tecnicamente são servidores públicos. Estão ali para servir aos cidadãos. Mas a vaidade lhes impede essa percepção a ponto de acharem que nos enrolam contra-argumentando evasivas. Têm que responder ao CCOB sim, todas as demandas que apresentar, por mais ríspido e indelicado que seja o tratamento recebido. Imagina! Quem acoberta crimes no uso de suas funções públicas não tem que estar por aí botando banca. Tem mais é que baixar o facho e se ligar que o cidadão pode se encher e acabar por impor limites à hipocrisia política, ao crime e à corrupção. Temos bons exemplos na História de práticas autoritárias, arbitrariedades e corrupções que foram respondidas pela população à altura de suas próprias derrotas. Ninguém xingou ninguém aqui. Maldizer e escarnecer não arranca pedaço. Às vezes, para alguns, dá até mais holofote e visibilidade política. É por isso que alguns de nós por aqui no movimento social praticamos o desgastante e tão necessário ofício da denúncia, mas com bom humor e inteligência, pra não ficar dando muita mídia pra pilantra. Fiquem calmos porque ninguém propôs ainda botar esse secretário de lá pra fora. E até que algumas tiradas do pessoal do CCOB são bem humoradas e divertidas... Mincostos, Minchupas...


Agora é cinzas
Para completar o repertório de insultos à mais burra das inteligências, nos empulham com uma balela de que pegaram carvoeiras enormes. Eu teria vergonha... Num estado como o nosso, minúsculo, devastado, cheio de estradas e caminhos seculares, em pleno século XXI, com tecnologia aí na mão pra fiscalizar com sensoriamento remoto quase em tempo real... O que é isso? Acontecer a instalação de carvoarias, por menores que forem, que levam semanas só para serem montadas, envolvem dezenas de pessoas diretas, centenas indiretas. A comercialização não é tão simples, dá bandeira antes de fazer o carvão... Deus do céu! Isso só significa uma coisa: que no nosso estado não tem fiscalização nenhuma. Fala sério! Tamanha incompetência só pode ser deliberada.


Forrageiras para a assessoria

Por fim, colonião é uma praga sim, ma non tropo. Muito melhor o colonião revestindo e protegendo o solo que deveria estar sendo monitorado e fiscalizado e pelos órgãos públicos, ali executando o manejo e plantio das espécies vegetais, no sentido de manter e restabelecer a paisagem natural do local, princípios da preservação permanente ali aplicada. Mas não. Ao contrário, o tipo de relacionamento dos órgãos públicos com o Morro do Morcego resume-se a tráfico de interesses, projetos de leis concedendo espaços imobiliários, palanque e holofote pra propaganda política e tudo de mais de desprezível em matéria de mal sentimento para com o meio ambiente e a vida.
Para a praga do colonião resta-nos a esperança de que algum Tapirus terrestris da criação comissionada do cacique ambiental vá até lá e dê cabo dessa gramínea de muito bom valor nutritivo para paquidermes. A “praga” do colonião ao menos terá cumprido seu papel na cadeia alimentar e no processo de regeneração da mata, onde as gramíneas são as verdadeiras pioneiras. Praga pior é a corrupção que deixa esse colonião crescer e licencia corte de árvores. E muito pior do que chamar de cacique é chama-lo de falso e mentiroso, por vir aqui somente de corpo para fazer suas fanfarronadas auto-promocionais. Esteve aqui de corpo, mas sua alma nunca esteve aqui, nem no Morcego, nem na Tiririca. Será que não pode dedicar-se de corpo e alma porque precisa nos esconder algumas das facetas do seu caráter? Escamotear alguns dos indicadores inequívocos do espírito criminoso?