quarta-feira, 15 de agosto de 2012

DIA DO SOLTEIRO ? E O DIA DO AMOR, QUANDO É ?



 Uma vida sem viver um grande amor não vale a pena ser vivida.


Deixa ver se eu entendi: isso é uma comemoração? Comemorar o quê? A solidão? Comemorar o fato de não ter alguém com quem compartilhar sua vida? Comemorar estar sozinho? E desde quando estar sozinho é bom? Desculpe, mas na minha faixa etária a esmagadora maioria das pessoas que estão sozinhas é porque estão descasadas. A minoria restante é porque não soube partilhar sua vida com ninguém e, vai ver, quase sempre é gente muito complicada, pouco afeita ao convívio. E as pessoas descasadas, que eu saiba, não estão nessa condição por uma situação de felicidade. Muito pelo contrário, estão assim porque passaram por algo infeliz em suas vidas. Caraca! Separação eu não desejo nem para os meus inimigos.

Agora, se a pessoa é solteira porque ainda é jovem e nunca se casou, tudo bem. Tá tudo certo, tem mais é que desfrutar da vida o mais intensamente que for. Mas não pense que irá desejar estar assim a vida inteira. Não pense que não precisa ou que não deseja alguém para amar, porque ninguém é imune ao amor. De todas as paixões, o amor é a mais nobre de todas, é a mais sublime. E a mais forte e arrebatadora de todas. Saibamos, portanto, que é importante conhecer o amor. Sobretudo, é importante viver um grande amor. Porque o amor é aquele sentimento que ninguém explica, mas que todo mundo entende (até os solteiros!). Não se pode passar por esta vida sem se viver um grande amor.

Creio que apenas uma meia dúzia de gatos pingados está hoje comemorando o Dia dos Solteiros. Pode até ser que dê matéria de jornal, mas pelo incomum que é a opção voluntária do solteiro. Ah! Cada vez mais pessoas optam por viver sozinhas... Já vi matéria de jornal assim. É meio que uma curiosidade a gente tentar entender o que faz uma pessoa optar por viver só. Por amor é que não foi, pois foi com certeza pela ausência ou pela negação dele. Ou então aquela conversa mole do amor próprio, com blábláblás de auto-estima etc.. Acaba que isso vira uma espécie de “eu me basto”, o que, como se sabe, não passa de uma bela neurose.

No meu caso, como o de muitos outros, estou solteiro porque fui infeliz no amor, o que não me dá nenhum motivo para comemorar este dia. Por que mentir para si mesmo? Estou melhor assim agora, solteiro? Sim, mas não porque desejasse que fosse assim, mas porque as coisas não deram certo. Porque fui infeliz. Porque chega a um ponto em que a nossa auto-estima, isto sim, nos diz que é melhor estar só do que tão mal acompanhado. Quisera que as coisas tivessem dado certo, pois com toda certeza estaria muito mais feliz do que estou agora, apesar de tão aliviado. Porque o amor tem desses riscos: ele te faz se sentir feliz e realizado. Mas se ele se desfaz, você se sente infeliz e arruinado.

Qual seria um dia oposto ao dos solteiros, tal como temos o Dia da Criança e o Dia do Idoso? O Dia dos Casados, que eu saiba, não existe. Mas tem o Dia dos Namorados. Tem coisa mais bonita que o Dia dos Namorados? A mídia deita e rola. Todo mundo compra presente pro seu namorado ou sua namorada. As pessoas casadas comemoram o Dia dos Namorados! Já vi casal de velhinhos pra lá de bodas de ouro comemorar o Dia dos Namorados! Coisa mais linda de se ver... E no Dia do Solteiro? Quem vai te dar presente? Você, para si mesmo? Espera receber os parabéns de alguém por ser ou estar solteiro? Se abraçam e se beijam, como fazem os namorados? Vão se reunir um monte de solteiros e solteiras, fazer festa e depois vão cada um para o seu canto, sozinhos?

Não, não me convencem. Estou solteiro, mas não me convencem. Definitivamente, viver sozinho não é bom. É muito melhor quando a gente sabe que tem alguém na vida em que se possa confiar, que vai estar ali com você, pro que der e vier, que quando você chegar vai se queixar porque demorou, porque sentiu a sua falta. Alguém que te cuidará na doença e que irá chorar a sua morte. É sempre bom saber que tem alguém que se preocupa com a gente. Me perdoem senhores e senhoras solteiros e solteiras, mas esta condição solitária não é boa, não sem ter nunca vivido um grande amor. Depois disso sim, até cabe a pessoa fazer tal escolha. Porque sem esse aprendizado a vida fica incompleta. Uma vida sem viver um grande amor não vale a pena ser vivida.

quarta-feira, 25 de julho de 2012


Indignação, Resignação e Medo


Hoje amanheci com aquela ideia do professor Darcy Ribeiro de indignar-se ao invés de resignar-se. Vejo nesta atitude alguma coisa altamente transformadora. Não há dúvidas de que este grande personagem da história brasileira nos deixou um grande legado de transformação sociocultural e, sobretudo, política, apesar de eu tanto discordar deste grande professor em termos teóricos. E ele reagia de maneira indignada quando o contestávamos, e enveredava por explicações efusivas na defesa de seus argumentos. Creio, portanto, que seus grandes feitos devem-se muito a esta atitude indignada, de não aceitar este mundo de modo passivo e agir sempre no sentido da transformação.

Que saudade da professora Berta, quando sorria carinhosamente da minha inquietação diante do aprendizado. Aqueles olhinhos da Nise olhando por trás daquelas lentes grossas e também sorrindo da minha inquietação, dizendo com afeto: “Leozinho, eles são apenas cartesianos...”. O olhar distante e sorridente do Ulpiano, quando lhe perguntava acerca da intensidade, da profundidade e da velocidade do pensamento. E ele respondia com palavras simples, que tão somente suscitavam mais e mais indagações: “etologia, Leonardo, etologia...” O respeito e a seriedade de um Dom Estevão, quando me ajudava nas minhas pesquisas, apesar dos temas serem tão adversos aos seus próprios interesses. Que coisa maravilhosa na vida ter tido tão bons professores, desde a tia (de verdadeiro parentesco!) que me alfabetizou, aos velhos índios que conheci e tantos outros, que não mais faziam senão libertar minha mente, me mostrando a Liberdade que podemos auferir nos nossos próprios pensamentos.

Ora, quer me parecer que isto é muito natural, esta “coisa” da transformação. O que é a Natureza senão permanente transformação? Que sentido tem a vida quando não muda permanentemente? O compasso ternário da dialética de Hegel / Marx, que começa lá atrás, antes do Sócrates. O tão antigo Eterno Retorno do Nietzsche, que teve a coragem de esculachar mais de dois mil anos de filosofia. Como é alentador ver o brilho nos olhos dos meus alunos quando lhes falo do Ser em Parmênides e do Vir-a-Ser em Heráclito. Que transformações poderão estar ocorrendo naquelas mentes jovens quando lhes proponho tais pensamentos? Ora, se este último dizia que “tudo é um”, o que é, afinal, a tão propalada Criação, senão uma transformação radical do cosmos? Ou do vazio? Ou do caos? Não seria a Criação um Devir permanente? Mas com que facilidade por aqui, alguns facebookianos falam de Deus, ou mesmo do Amor, quando é certo que nem um nem outro, por entidades que são, jamais poderão responder. Quando, possivelmente, os estão procurando em si mesmos ou à sua volta. Ai, que coisa mais chata e piegas o tal do "beijo no coração". Francamente, não há nada de transformador nisso.

Tantas que são as trocentas mensagens que caem a cada segundo nos nossos feeds de notícias, que, em sua maioria, de nada servem para alimentar as mais pobre almas, senão embriagá-las com doce simbologia. Em sua maioria, carregam certo ranço de auto-ajuda, com a pretensão de proporcionar ao outro algum bem, quando, talvez, não passam de uma busca desesperada de fazer o bem a si mesmo. Um modo subliminar de mentir a si mesmo, de escamotear sua própria falta de atitude, seus medos e suas frustrações, uma completa falta de indignação. Como que varrendo para debaixo do tapete um enorme cagaço de viver. Mandam pro ar aquela imagem ou texto bonitinho, apropriando-se de maneira indébita das sabedorias alheias, de grandes seres humanos como o Chico Xavier, Madre Teresa, Gandhi etc., quando não atribuem ao Freud, ao Nietzsche, ao Platão ou ao Aristóteles etc., frases que eles jamais expressaram. Tornamo-nos escravos dos nossos tão nobres valores e os cultivamos em demonstrações públicas, sem nos dar conta que estamos confundindo as palavras com as coisas.

O teclado é como o papel. Ele aceita tudo sem contestar. Que tipos de seres viventes estamos nos transformando, que sentamos diante de uma telinha e mandamos ideias vazias a esmo? Que recebemos tão passivamente tantas informações falsas e nos emocionamos e, até, por vezes, nos indignamos com elas. Mas não será uma espécie de indignação controlada, reificadora e a serviço do establishment? Creio que os seres humanos nunca mentiram tanto, a si mesmos e a outrem, depois do advento da Internet. Nunca se formaram pensadores tão estéreis, depois que passaram a se comunicar através das redes de relacionamento. Talvez, o ser humano não tenha vivido tão sem dignidade como nos dias de hoje. E toda essa dominação é simbólica, combinada a mecanismos materiais informados pela sociedade de consumo. Marx se surpreenderia com os níveis de mercantilização a que chegaram as sociedades atuais. Compra-se corpos para o sexo como quem compra roupa ou comida. As vaidades e as aparências se sobrepõem a qualquer conteúdo. Tudo é mercadoria banal. E mais: dá pra pensar em coisa mais idiota, p. ex., que o tal do sexo virtual? Como é possível essa coisa chamada sexo, sem contato físico? Sem cheiro, sem toque, sem pegada? Ulpiano estava certo, quando me indicava que boa parte do comportamento humano na atualidade é objeto da etologia e não apenas das ciências sociais ou da psicologia. E olhe que nessa época a Internet ainda nem tinha começado, pois o TCP/IP existia somente nos laboratórios das universidades e nos grandes computadores das forças armadas americanas.

A tão propalada “democracia virtual”, que tanto comemoramos nos idos da década de noventa, começa agora a demonstrar-se uma bela de uma falácia. Ou será que não dá pra reparar que o Windows é programado de forma ao usuário não ter nenhuma vontade própria? Quantas não são as rotinas que se processam em segundo plano sem que o usuário possa se aperceber disso? Tudo remete para a rede. Um monte de links ocorrem sem a nossa permissão e coletam informações das nossas máquinas e informações pessoais e mandam para Microsoft e para os sites dos fabricantes dos “programas gratuitos”. E desde quando existe alguma coisa de graça na sociedade capitalista?! Nem o Bolsa-Família é de graça, por eleitoreiro que é.

Vejo máquinas por aí, cujos navegadores estão infestados daquelas barras de tarefas que os programas instalam. Um monte de inutilidades que nada mais fazem do que onerar os processamentos da máquina, fazendo links desnecessários, ao mesmo tempo em que gravam no inconsciente do usuário aquele monte de logomarcas dos fabricantes dos programas. E o usuário deixa, apesar da opção de não instalação que o programa oferece, apenas por razões legais. E, por isso mesmo, não adianta reclamar, porque o usuário deixou durante a instalação. Só não se observa que aquela opção entra default, e o Zé Mané Digital não pára para prestar a menor atenção e consente. Agora me digam: tem coisa mais reacionária e arbitrária do que essa história de você simplesmente passar o ponteiro do mouse em cima de um ícone e ele imediatamente fazer um link? Subtraem em absoluto a nossa liberdade de escolha e ainda chamam a isso, eufemisticamente, de “melhoria da experiência do usuário”.

O Windows não é apenas um sistema operacional: é, sobretudo, um sistema perverso de dominação social. Assim não fosse, o programa travaria e te impediria de utilizá-lo tão logo detectasse sua instalação pirata. E aí me pergunto? Por que será que o WinXP começou a carimbar os usuários domésticos com o alerta de software não original, logo após o presidente apedeuta ter esnobado o Bill Gates em Davos? E sob o argumento de uma opção pelo software livre que jamais se efetivou sequer no serviço público. E o Projeto do Linux Kurumin tornou-se objeto da elite digital... Mas é bem verdade que o carimbo de software pirata passou a acontecer pelo mundo afora, numa eficiente indução à compra daquela mercadoria única, um único sistema operacional que dominou a maior parte do planeta. Será que nunca repararam que as atualizações automáticas entram default? Mais um eufemismo: recomendáveis. E a condenação do Megaupload? Terá sido isso tão democrático assim? A este respeito eu vi muito mais piadas do que indignações, quando proibiram o maior acervo de informações digitais que jamais existiu.

Agora a Internet chegou aos nossos aparelhos celulares, essas coleiras eletrônicas que tomam horas do dia de uma pessoa. Estamos plugados no Facebook vinte e quatro horas por dia. Ocupamos nossa mente com baboseiras na maior parte do tempo em que estamos sob estado de vigília. Ao dormir, sonhamos com isso. É um tipo de virtualidade da virtualidade. O que Étienne de La Boétie observou quase quinhentos anos atrás e o que Jean François Brient tentou nos alertar recentemente, soa para muitos como algo maçante, pessimista, meio down. As mensagens de auto-ajuda são mais legais, pois tranqüilizam e aprisionam de maneira dócil, gentil. Vivemos a servidão mais voluntária de todos os tempos: as pessoas preferem o medo à indignação. Ainda no primeiro governo do apedeuta, o medo sobrepôs-se à esperança e o povo brasileiro resignou-se à violência e à corrupção. Muito mais poderia escrever sobre tudo isso, mas prefiro ficar por aqui, com a sensação de que já falei demais. Eis porque, prefiro me indignar.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Carta Aberta ao Deputado Felipe Peixoto

Lixo nas redes dos pescadores em Itaipu


Meu caro Felipe,

Muito me agrada sua iniciativa de formular e promover uma política pública para aquele canto tão sofrido de Itaipu, e mesmo para a toda a pesca do Estado do Rio de Janeiro. Aquele cantinho tão belo, mas tão sofrido socialmente, tão sofrido ambientalmente e culturalmente massacrado, tanto de um ponto de vista antropológico quanto arqueológico. Há muito que os pescadores de Itaipu têm sido submetidos às mais hediondas injustiças. Há muito que a nossa cidade, que já foi um dia o maior desembarque pesqueiro do país, precisa de iniciativas eficazes no sentido da promoção da atividade pesqueira e, sobretudo, da proteção das suas comunidades tradicionais.

Eu me lembro de criança, meu caro Felipe, quando você ainda não era nascido, as maiores injustiças já se perpetravam contra aquela gente. E já lá se vão umas três ou quatro gerações daquela comunidade, onde da sociedade envolvente conheceram somente a cooptação, a exploração da imagem, o esbulho de suas terras, a descaracterização de seu modo de vida e das suas estratégias de sobrevivência, dentre tantas outras intervenções desastrosas. Sobre esta comunidade deitaram-se olhares os mais cobiçosos, e a esmagadora maioria das iniciativas externas, seja dos poderes públicos, seja de natureza comunitária ou acadêmica, resultaram em verdadeiros desastres socioambientais.

Por isso, apesar do alento que provoca a notícia desta iniciativa governamental, muitas dúvidas me ocorrem, a mim e a muitos outros que, como eu, possuem um forte laço afetivo com aquele lugar e com aquela gente, mas que se calaram diante de tanta mesquinharia e das repressões que sofremos ao levantar a voz em defesa daquele lugar e daquela comunidade. Repressões essas, vindas de setores poderosos da sociedade, que cooptam nossos aliados e nos derrubam com fogo amigo. Dúvidas de como resolver uma equação política extremamente complexa, uma equação construída ao longo de décadas de descaso e de políticas públicas equivocadas, senão resultado de visões de mundo elitistas e preconceituosas, no mínimo, resultado da prevalência de interesses exclusivamente pecuniários e eleitoreiros.

Dentre as inúmeras variáveis desta equação política, as mais complicadas são as variáveis socioeconômicas e as ambientais. Socialmente, aquela comunidade agregou ao longo do tempo inúmeros atores sociais externos que a levaram a uma desagregação interna, a ponto de comprometer sobremaneira os seus mecanismos internos de coesão social. A cizânia foi tamanha que hoje é, tecnicamente, quase impossível recompor aquele tecido social tão peculiar, algo que foi um dia sui generis. Mas assim mesmo, existem remanescentes daquela comunidade que até poderiam fazer recompor algo ainda semelhante ao que já foi um dia, desde que respeitados seus mecanismos internos de organização social e, sobretudo, os seus direitos.

Economicamente, a atividade pesqueira sofreu enormes impactos do crescimento urbano desordenado da Região Oceânica de Niterói, que nos trouxe a famigerada especulação imobiliária, hoje vigente nesta cidade, e implantou uma desordem fundiária quase letal para a atividade pesqueira. Veja-se, por exemplo, o que aconteceu às áreas aforadas à Colônia. Ora, isso faz da Enfiteuse uma das variáveis desta equação política que só o Gerenciamento Costeiro, via Projeto Orla, poderá tentar ordenar, mas se for feito com muita justiça e seriedade, e sem a ingerência de setores corruptos e reacionários da sociedade envolvente. Some-se a isso as ligações perigosas que a Colônia contraiu com a máfia que dominou a pesca no estado nas últimas décadas. Talvez este, um dos principais motivos da decadência que observamos nesta atividade econômica em nosso estado.

Ainda neste campo econômico, mas já transpassado pelas variáveis socioambientais, temos o equívoco que foi o impedimento da criação da Reserva Extrativista. A Resex de Itaipu é uma espécie de obviedade que a máfia da pesca e setores extremamente conservadores da sociedade não conseguiram assimilar e a impediram de ir a termo sob as maiores injustiças e oportunismos políticos. É que se tratava da adoção de paradigmas socioambientais que a sociedade envolvente e a nossa classe política ainda estão muito longe de perceber a importância. Não fosse isso, nossa cidade, nosso estado e este país não estariam insistindo nesta tragédia ambiental cotidiana, que constrói cidades imundas, que diminui Unidades de Conservação para consolidar a indústria do licenciamento, que não consegue sequer processar o lixo, enfim, que não consegue se aproximar de qualquer tipo de sustentabilidade verificável.

Como agravante da variável ambiental desta equação política, temos o comando hipócrita que domina o meio ambiente no Rio de Janeiro e chegou a ser exportado para níveis nacionais. Foram os asseclas deste comando hipócrita que impediram a criação da Resex de Itaipu, pois enganaram os pescadores e resolveram favorecer os setores mais corruptos e conservadores da sociedade, em detrimento das necessidades e interesses daquela gente. A própria Marina Silva determinou a criação da Resex ainda no início do primeiro governo Lula, mas os asseclas do comandante hipócrita, associados aos mais diversos eco-oportunistas, trataram de impedir. Tudo aquilo de destruição ambiental que Marina Silva conseguiu conter em mais de quatro anos de governo, foi detonado em apenas alguns meses, o que resultou, dentre tantas devastações do ambiente, nos Belos Montes da vida, culminando neste golpe que ora é desferido contra o Código Florestal.

Se hoje todos lamentam o, por assim dizer, “leite negro” do bota-fora derramado na entrada da Baía da Guanabara e defronte da praia de Itaipu, não foi por falta de aviso dos próprios pescadores daquela comunidade. Eu mesmo estive com eles reunido com promotores do MP em Niterói alertando sobre o crime ambiental que a Cia. Docas estava em vias de cometer. Mas todos se fingiram de mortos, incluindo o MP e os correligionários do comandante hipócrita, pois se omitiram e deixaram acontecer um crime ambiental de proporções ainda não dimensionadas, que ainda haverá de se manifestar por muitas décadas, talvez séculos, sobre a pesca e sobre as praias oceânicas da nossa cidade. Tal como se configura agora no horizonte o despejo dos resíduos do COMPERJ em Itaipuaçu, onde o INEA faz as vezes de IBAMA, ao arrepio constitucional da competência federal sobre o mar. A sociedade civil organizada de Niterói e de Maricá já deram o alerta. Vamos ver no que vai dar, pois neste caso cabe até mesmo o concurso do MPF, já que o MPE já se mostrou ineficaz neste e em diversos outros casos, tal como foi o a diminuição do Parque Estadual da Serra da Tiririca, da recategorização ilegal da Reserva Municipal Darci Ribeiro e diante dos absurdos urbanísticos de Niterói, que já perdeu o seu antigo sorriso.

Por fim, meu caro Felipe, tenho a dizer que te desejo sucesso e que sua iniciativa faz reacender uma esperança, mas com uma chama ainda muito tênue, pois a complexidade desta equação política pode vir a comprometer os resultados desta e de qualquer intervenção em Itaipu, tal como demonstram as experiências pregressas. Mesmo confiando na sua capacidade empreendedora e reconhecendo a sua enorme sagacidade política, ainda assim, tenho receios. Pois o problema não se resume apenas ao ordenamento urbano e à montagem de uma infra-estrutura para a pesca. O problema se coloca sob os maus olhos que se deitam sobre aquele lugar, dentre os mais belos da nossa cidade, e exercitam um tipo de mesquinharia que resulta da prevalência de interesses os mais retrógrados, que praticam um tipo de relacionamento político que há muito precisamos superar, sob pena de fracassarmos nas mais elementares políticas públicas que tentarmos empreender.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

A Esparrela Ambiental




Contribuição à Discussão dos Limites Inclusivos da Lagoa de Itaipu
no Parque estadual da Serra da Tiririca - PEST

Sobre os limites e delimitações do Parque Estadual da Serra da Tiririca – PEST, eminentes atores institucionais do movimento social em Niterói têm sido sistematicamente enganados e caído em esparrelas políticas, óbvia e descaradamente associadas aos interesses da especulação imobiliária, principal vetor da degradação ambiental na cidade. Do ponto de vista da preservação ambiental, os resultados obtidos em quase duas décadas de debates intermináveis caminham do medíocre para o catastrófico. Não se têm notícias de ganhos ambientais efetivos na Serra da Tiririca, senão somente permanentes perdas territoriais. Aliás, tônica em todas as outras áreas protegidas por lei em toda a cidade. Nessas matérias, o movimento social pouco ou quase nada formula e/ou propõe, menos ainda executa efetivamente quaisquer projetos, senão apenas eventos ridículos, paliativos e analgésicos para limpar a sujeira de um crescimento urbano desordenado, dando palco para a propaganda e promoção de políticos corruptos. Passam a vida correndo atrás de prejuízos e reagindo ao estímulo de situações emergenciais, quando ocorrem os escândalos ambientais e os assintes da especulação imobiliária. Em situações limite recorrem ao poder judiciário, que acaba trancando o problema por longo tempo, com manobras processuais e conveniências magistradas, que permitem os esquecimentos e as acomodações proporcionadas pelo tempo.

A inclusão da lagoa de Itaipu no PEST, criando a sandice administrativa de uma terceira área descontínua de uma unidade de conservação, repete a fórmula eficaz que a especulação encontrou para moldar os instrumentos legais a seu bel prazer. A proposta de diminuição dos limites do PEST, que passou após uma década de discussão política, sem técnica alguma ou qualquer legalidade, serviu para apaziguar a fome especulativa de um sem número de interesses econômicos. Repetem agora o que foi a inclusão da segunda área descontínua, o Morro das Andorinhas, cuja comunidade engoliu um dos maiores engodos que já se viu por aqui, que os políticos (paus mandados) armaram, após os particulares fracassarem na efetivação dos seus interesses fundiários.

Após anos a fio de conflitos, opressão e transtornos à comunidade, após acadêmicos, ambientalistas e lideranças comunitárias serem permanentemente pautados pelas discussões e propostas da especulação, através de políticos oportunistas, caíram na esparrela afinal, e decidiu-se pela mudança da situação jurídica do Morro das Andorinhas. O deputado vintenário teve o desplante de afirmar publicamente a aberração legal de que essa inclusão servia para compensar as áreas que estavam sendo subtraídas (injustificadamente!) dos limites originais. Quem perdeu com isso, patrimonialmente, foi a comunidade de pescadores e afins, os verdadeiros donos da terra, porque detentores seculares da posse. Antes, a comunidade ali residente disputava a titularidade com particulares; agora, “disputa” com o Estado, que incorporou a área ao patrimônio público. Ora, quem mais tem poder de influência sobre as ações e decisões do Estado? A comunidade ou os interesses econômicos que cobiçam aquela terra? Com isso, foi decretado tacitamente o fim de uma comunidade com o cessamento de um direito à terra líquido e certo, que eles detinham e que podiam reivindicar plenamente, sem os limites antepostos pelos interesses do Estado. Com isso, é de se supor que criamos mais uma comunidade do Imbuhy na cidade, objeto de opressão, de joguete político e daquele bom e velho murmúrio lucrativo que produz tantas auto-promoções políticas, além de tantas benesses e títulos acadêmicos.

Por outro lado, é de se desconfiar de quaisquer propostas apoiadas ou defendidas pelo deputado vintenário, ora secretário, subsecretariado por um criminoso ambiental conhecido por sua canalhice, que conchavaram com o deputado ex-vice-líder do executivo municipal e ex-líder do legislativo municipal, talvez o maior fraudador legislativo que a Câmara Municipal já conheceu. Este sujeito desarquivou um projeto engavetado na ALERJ pela sua inconstitucionalidade e ausência de embasamentos técnicos aceitáveis, decidiram arbitrariamente sobre sua legalidade e cometeram a maior fraude ambiental dos últimos tempos, quiçá a maior do Brasil. Passaram no rodo uma ilegalidade, de acordo com o formato político habitual da negociata e da manobra, temperada com generosas pitadas de autoritarismo e truculência. Tudo isso com os ingredientes corruptos das fraudes cartoriais, entrega de terras públicas a particulares, acobertamento de invasões e dos mais variados crimes ambientais dolosos. As pouquíssimas intervenções dos órgãos ambientais de controle e fiscalização sempre foram teatrais, porque quase tudo se consolidou e quase nada foi impedido a tempo e a hora quando aconteceu. E tem um monte de cargos comissionados do atual governo envolvidos com isso, criminosos que tomaram de assalto o poder público.

Intervenções técnicas que seriam equivocadas se não fossem intencionais, quase sempre desqualificadas, definiram as condições para transformar uma unidade de conservação em área de expansão urbana, criando um lucrativo balcão de negócios com vultosos volumes de valor patrimonial. Tudo ou quase tudo que se decidiu e se configurou na forma de lei até agora está saindo exatamente de acordo com os interesses da especulação imobiliária, inacreditavelmente, no exato timing e ritmo com que operam as construtoras, empreiteiras, incorporadoras e empreendedores imobiliários em geral.

A dinâmica econômica da especulação é lenta, gradual, consiste em lançar mão e em executar na forma de mercadoria os estoques de terra destinados à expansão urbana, reservas de valor que são cuidadosamente amealhadas no mercado de títulos de domínio sobre áreas não edificantes. O que mais interessa a esses agentes econômicos é que não haja muitas regras e que, quando for para defini-las ou mexer nas regras existentes, que o seja para corrigir alguns impedimentos aos projetos de construção e incorporação. No PEST, o decreto que o delimitou em 1993 sempre foi a única barreira legal para avançar à vontade sobre áreas muito cobiçadas e valiosas. As imagens aéreas da década passada, comparadas com imagens dessa nossa primeira década, mostram um permanente picotamento dos limites, avançando nas áreas que são a bola da vez na corrida imobiliária. É muita Mata Atlântica sendo derrubada, agora, sob a autorização do órgão ambiental. O mercado de laudos técnicos para a ocupação de áreas outrora não edificantes está em alta...

Enquanto foi possível burlar e avançar sorrateiramente sobre os limites de 1993, com eminentes autoridades públicas de competência ambiental acobertando um sem número de crimes dolosos contra o meio ambiente, a especulação não se preocupou em mexer nos instrumentos legais. Mas quando começaram a saturar as ocupações ilegais e os escândalos não pararam mais de pipocar aqui e ali, dando muita bandeira da perversidade e da má fé dos negócios imobiliários, trataram enfim de mudar a regra do jogo e revogaram o decreto de delimitação de 1993, diminuindo a unidade de conservação.

Portanto, a inclusão da lagoa de Itaipu no PEST é mais uma esparrela ambiental que o movimento social está engolindo ingenuamente (ou não!) e, antes mesmo da recente diminuição, essa foi acenada como forma de cooptação para angariar apoios à ilegalidade da diminuição. E eminentes representantes de eminentes instituições do movimento social aceitaram a diminuição sob a promessa de futura proteção da lagoa de Itaipu, incluído-a posteriormente aos limites do PEST. Agora está aí: quando chega a hora de cumprir o acordo, aqueles que prometeram a proteção da lagoa, finalmente, mostraram suas garras corruptas e traíram o movimento social, realizando de fato a inclusão da lagoa, mas devidamente contemplados os interesses da especulação imobiliária, deixando de fora os sambaquis, justamente a área mais cobiçada pela especulação. E o pior de tudo, é a descarada tentativa de burlar uma decisão judicial federal que considerou aquela área como terras de marinha pertencentes à União e impediu a construção de milhares de apartamentos em mais de duas centenas de edifícios.

Por fim, quando se configurava politicamente a aprovação da diminuição do PEST, afirmei a uma dirigente do movimento social na Região Oceânica de Niterói que ela não tinha mais nenhum motivo para se orgulhar diante de seus filhos e netos, porque compactuou com uma fraude escandalosa, um crime contra o meio ambiente sem precedentes, ajudando a preparar o campo para a especulação imobiliária continuar avançando e degradando o meio ambiente na cidade. Afinal? Terá caído de fato numa esparrela política, ou será que agiu deliberadamente, compactuando com o crime ambiental, com a corrupção política e com a especulação imobiliária? Será que existe tanta ingenuidade assim dentre as lideranças e demais participantes do movimento social em Niterói?

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

A fraude ambiental do PT e PMDB

Este texto foi escrito há mais de três anos. À semelhança de um outro que requentei esses dias, que trata da perseguição ao único vereador genuinamente popular de Niterói, esse também parece escrito ontem. A política ambiental do governo Cabral é a continuidade dos desígnios ambientais do PMDB, o grande degradador socioambiental do Rio de Janeiro. O conchavo federal PT – PMDB trouxe definitivamente pra Niterói essa política perversa que está destruindo a cidade, sua história e descaracterizando sua população.


De Moreira à Garotinho,
O Meio Ambiente do PMDB e
A Perseguição aos Sitiantes e Pescadores


Atribuir qualquer coisa de positivo a Moreira Franco no que diz respeito a qualquer ação ou política pública em favor do Meio Ambiente é, no mínimo, uma piada. E uma piada de muito mau gosto, humor negro mesmo, às raias da morbidez, uma piada ambientalmente ímpia.

Tal formulação é típica do discurso das elites econômicas dominantes ou, neste caso, manifestação de alguns "laranjas" do PMDB que estão isolados no movimento social. Uma peculiaridade de quem não possui nenhuma capacidade propositiva aceitável, porque tudo o que (mal) formula está ligado a algum interesse político-econômico específico, algo sempre estranho à preservação ambiental e ao bem estar social. Quem tanto clama pelos interesses coletivos, escamoteando interesses privados e assim permanece, clamando, reclamando, declamando, exclamando, proclamando... Sem nada propor ou executar qualquer ação que se reverta em práticas efetivas de preservação ambiental. Quem esteve trancado num apartamento durante a maior parte da sua existência, desenvolvendo toda sorte de alter-egos, neuroses e psicoses, dando palpites para alhures, interferindo nocivamente na vida alheia, oprimindo gente indefesa para favorecer a cobiça do poder econômico. Quem nunca trabalhou na vida pra saber o que é ter responsabilidade e o que significa ter que fazer esforço para prover seu próprio sustento. Quem não consegue se agüentar sobre suas próprias pernas, necessitando permanentemente de apadrinhamentos. Quem opta por uma auto-alienação conservadora, de direita reacionária. Quem faz do Meio Ambiente um balcão de negócios e um palanque para suas fanfarronadas auto-promocionais de pretensões eleitoreiras, enfim, quem assume tais comportamentos, está reproduzindo exatamente o modelo comportamental politicamente incorreto que a sociedade brasileira está repudiando veementemente nos dias de hoje.

Os governos municipal e estadual, os quais Moreira Franco esteve à frente, notabilizaram-se pelas degradações ambientais que provocaram. Mais recentemente, ele conseguiu bater todos os recordes: causou um dano ambiental de altas proporções e com grande prejuízo aos cofres públicos, apenas com sua campanha eleitoral. Imagina se tivesse sido eleito de novo... Foi Moreira quem implantou as bases do crescimento urbano desordenado de Niterói, herança adquirida por Jorge Roberto que, por sua vez, inaugurou o modelo vigente, o mesmo que transformou a cidade num "Shopping Imobiliário". Tal é a política de concentração patrimonial continuada por Godofredo, ou melhor, aperfeiçoada, porque este governo atual, em menos tempo, está conseguindo superar o Jorginho em matéria especulação imobiliária e suas conseqüentes degradações ambientais. O retorno de Moreira Franco tentando a Prefeitura de Niterói, foi um fragoroso fracasso eleitoral, com o NÃO rotundo que a população lhe deu, um NÃO tão grande que ele se acovardou e jogou a toalha antes do segundo turno, porque já podia antever a lavada que iria tomar se continuasse no pleito. Esse "Retorno do Moreira – O Túnel", representou um pesado prejuízo ao erário público: R$ 2.000.000,00 do Governo Federal e R$ 500.000,00 do Governo Estadual. Ou seja, armou uma jogada política na Agência Nacional de Águas e no Governo do Estado pra captar um dinheiro público que se revertesse em sua campanha eleitoral. Moreira fez campanha em Niterói durante mais de dois anos e despontou na eleição para prefeito como o grande salvador do sistema lagunar Itaipu-Piratininga.

O projeto foi enfiado goela abaixo da população: não houve nenhuma audiência pública formal aceitável para sua aprovação (até hoje quero ver as atas!), mas apenas algumas reuniões localizadas onde os questionamentos apresentados jamais receberam uma resposta técnica adequada. Assisti uma reunião surreal conduzida pelo "Papa dos Recursos Hídricos", secretário do Godofredo que papou todos os salários e nada devolveu em águas limpas. O que houve, isto sim, foi uma grande solenidade de lançamento, com Moreira, Conde e Cia., com muita pompa, grande palanque e muita mídia, tendo estado presente o governo municipal à época, Jefferson e Godofredo, assumindo um comportamento de "vaca de presépio". O projeto era uma aberração técnica que agora se desmascara, pois, para além de lançar água salgada sem mais nem menos num sistema de água salobra, não contemplava nenhuma providência no sentido de conter os principais vetores de poluição, ou seja, os cursos d'água que deságuam nas lagunas. Sequer chegamos à situação de sermos voto vencido porque nos foi tolhido qualquer direito para se expressar a respeito. No entanto, sempre defendemos que o problema do sistema lagunar deve ser tratado à jusante, e não à montante!, conforme nos prometiam capciosamente que iriam fazer. Primeiro iam cuidar das lagoas (sic) pra depois resolver o problema dos cursos d'água. Fala sério, né?! Qualquer criança é capaz de avaliar que isso é uma estupidez. Agora está feita a lambança: a obra está parada e ninguém consegue explicar o "por que" (parece que está desabando por erro de cálculo); ficou lá um buraco perigoso na pedra, foco de doenças, dano à paisagem e ameaça à segurança da população; detonaram um monumento natural (costão rochoso – APP); utilizaram as pedras que saíam para cometer um crime milico-ambiental, aterrando um brejo próximo, no Imbuhy, e vai por aí afora. Dois milhões e meio de reais do erário público jogados no lixo e ainda teremos que gastar outros bons milhõezinhos pra resolver essa bagunça que ficou lá.

Apenas a história dessa obra visionária, um túnel cavado na pedra onde a água entraria sem bombeamento, é suficientemente eloqüente para uma avaliação do que tem sido a política irresponsável do Garotinho e do PMDB no RJ. É uma espécie de política espetáculo, "à la Collor", só que de maneira infame, sem o glamour colorido, como uma espécie de terrorismo. É preciso que as pessoas sintam muito medo para que o grande salvador Garotinho possa socorrê-los. Viaturas da PM permanecem inutilmente paradas em locais visíveis para que a população tenha a "sensação" de segurança. Ou seja, literalmente, um direito fundamental da população é tratado como objeto de sensacionalismo. É hediondo o que ele já fez para se auto-promover cada vez que ocorre um grande episódio de violência no Rio. Antes, durante sua campanha para governador, prometia que iria acabar com a violência cientificamente. Dizia que tinha estudado na Europa. Até livro de sua autoria apresentava para demonstrar suas capacidades. Acabou tornando-se um recordista de violência ao entregar o governo pra Bené. Depois bateu seu próprio recorde atuando como secretário de segurança da sua esposa. Moreira, por sua vez, quando foi candidato a governador, prometeu que acabaria com a violência em seis meses. Ao final do seu governo, a imprensa já tinha noticiado acerca dos criminosos violentos que faziam parte da sua assessoria mais próxima...

Agora estão todos juntos no PMDB e nem precisa discorrer muito sobre o que tem sido a atuação do tripé administrativo, FEEMA, SERLA e IEF. A primeira tem berrado na mídia com os esquemas corruptos habituais. A segunda, nem chega a ser preciso falar desse túnel, basta ver as fotos estampadas nos jornais do ano passado com um trator da SERLA ostentando sua logomarca, enquanto trabalhava de graça para a especulação imobiliária nas obras ilegais sobre aterros e sambaquis em Camboinhas.

Mas é o IEF quem está inovando: agora resolveu assumir em definitivo uma postura autoritária para perseguir e oprimir gente humilde, populações tradicionais, caiçaras e demais atingidos por UCs, para favorecer a especulação imobiliária, é claro. Estão fazendo isso agora em Paraty, na Serra da Tiririca e em diversos outros locais. Perseguir sitiantes na Serra da Tiririca é atitude corriqueira do IEF há muito tempo, mas tem se intensificado muito na administração atual. Agora usa até "laranjas" (quadros do PMDB) para promover uma ostensiva campanha difamatória na imprensa contra os sitiantes e interpelá-los judicialmente, com denúncias fajutas no MPE e no MPF. Tentam encontrar meios de fazer cessar o direito dos sitiantes à terra. Tentam fazer calar a verdade inexorável de que foram os sitiantes que travaram a grilagem e a especulação imobiliária e impediram o avanço sobre a serra. Ainda com a administração anterior, já tinham aprontado horrores de constrangimentos com os pescadores no Morro das Andorinhas e com os favelados na beira da lagoa de Piratininga, que sequer fazem parte do PEST formalmente, isto é, está fora de sua jurisdição. Na época, entre outros absurdos, o brilhante administrador queria algo como um controle de natalidade, para que os pescadores, ocupantes sesquicentenários daquele lugar, não aumentassem sua população.

Os fatos têm se acumulado e as arbitrariedades aumentando. Demonstrar tal afirmativa está cada vez mais fácil: há poucos dias, o administrador do PEST, enviou um e-mail desrespeitoso ao vereador Paulo Eduardo, e-mail desaforado mesmo, cheio de erros de português, só faltando chamar de irresponsável o segundo vereador mais votado da cidade. Estava indignadíssimo, só porque o vereador permitiu veicular no informativo do seu mandato uma pequena nota da ASSET (Associação dos Sitiantes Tradicionais da Serra da Tiririca), que tratava da defesa dos antigos limites do PEST, que o IEF quer diminuir. O administrador ficou tão indignado que ainda ligou pro telefone do vereador pra falar mais asneiras. O fato é que os sitiantes defendem uma maior preservação ambiental baseada na manutenção dos atuais limites do PEST, definidos no decreto de 1993, enquanto o IEF pretende diminuir o parque em cerca de 30% de sua área. O próprio atual presidente, nas primeiras semanas da sua gestão, alertado quanto a isso, respondeu na maior cara de pau que o IEF "retira aquilo que interessa e deixa o resto pra lá". Ou seja, não tem nenhuma lei federal que proteja a Mata Atlântica. Não tem Código Florestal. Não tem decreto 750. Não temos que cumprir nenhum compromisso internacional que observe a conservação de uma Reserva da Biosfera, não temos que ser rigorosos na proteção de um Patrimônio da Humanidade, menos ainda com seu entorno. O que "interessa" para o IEF é a liberação de terras supervalorizadas para os empreendimentos imobiliários, criminalizando as populações nativas cujos direitos atrapalham os empreendimentos.

No ano passado, foi invadido mais um sítio lá no Vaivém. Trata-se de mais um sítio centenário, neste caso, um sítio que fica em frente ao famoso sítio do Dr. Neiva, aquele que foi invadido por grileiros no apagar das luzes da Dinastia Jorge e consolidada sua ocupação na sucessão do vice Godofredo, que ali licenciou e tributa em cima de fraudes cartoriais. A nova invasão foi num sítio pertencente a um casal idoso e comandada pelos mesmos grileiros. Todos corremos lá pra ajudar. Até o dep. Carlos Minc baixou lá com a polícia e a imprensa para se exibir e "ajudar" a conter os grileiros. Os grileiros tinham iniciado a abertura de ruas e a "limpeza" de lotes, já tendo conseguido desmatar muitos milhares de metros quadrados de mata. O brilhante administrador do IEF, ao invés de tentar conter os grileiros, diante dos quais se acovardou, resolveu multar o dono do sítio que estava sendo esbulhado! Um homem idoso que há décadas cuidava daquela terra, advogado, pessoa instruída e consciente, que cumpria a risca as leis ambientais. Como se não bastassem os constrangimentos e as ameaças que sofria aquele sitiante, o administrador tentou fazer parecer que o criminoso ambiental seria o sitiante e não os grileiros que desmataram e tentavam esbulhar a terra. É mole ou quer mais?

Tem muito mais, mas vamos encerrar com o que é mais lapidar nessa história toda: o Conselho do PEST, que não existe até hoje. O IEF tem tentado por todos os meios e modos impedir a participação dos sitiantes e dos pescadores no conselho do PEST. Baixou uma Portaria que desrespeita flagrantemente o SNUC, feita aparentemente sob encomenda para tolher a participação de sitiantes e pescadores. As primeiras tentativas de implantação do conselho datam dos últimos dias do governo da Bené, depois entrou pelo governo da Garotinha e até agora nada. Fizeram uma tentativa recente, sem convocação adequada, mas os sitiantes e pescadores, junto com outros representantes atentos do movimento social, baixaram lá e não deixaram passar, pois são os que mais têm direito de sentar neste conselho. Moral da história: inventam todo tipo de dificuldades e expedientes pra tentar fazer passar um conselho espúrio, composto exclusivamente pelos "laranjas" do IEF. Deflagraram na imprensa e na Internet uma campanha massiva contra os sitiantes e contra os pescadores que desejam a reserva extrativista. Inventaram calúnias, denúncias formais e processos judiciais para criminalizar sitiantes e pescadores. Agora tentam desagregar o movimento e a organização das populações nativas, tentando cooptar uma ou outra liderança e quadros representantes dessa gente. É uma tirania velada esse governo Garotinho.

Por fim, se quisermos iniciar um bom estudo acerca de um dos grandes responsáveis pela degradação ambiental em Niterói e no Rio de Janeiro, já sabemos por onde começar:
O nome dele é Moreira! Depois veio o Garotinho.
Agora o Cabral, com o apoio do Carlos Minc.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

As Maiores Fraudes Ambientais do Brasil

Vaidades & Corrupções



Esse depoimento é para, quem sabe, inspirar juízes, promotores, delegados ou quaisquer autoridades que resolvam combater os crimes ambientais ocorridos dentro da máquina pública no Rio de Janeiro. A última década comprova com inumeráveis acontecimentos onde sempre aparecem as mesmas pessoas, os mesmos quadros políticos. Existem tantos registros para comprovar as irregularidades, tráfico de interesses, incongruências, erros técnicos, incompetências, injustiças, tantos fatos que, por mais que tentem maquiar ou apagar os rastros, sempre vai ficar algum sinal.

Desmatamento na Serra da Tiririca

Introdução

No final do Regime Militar todo o corpo burocrático que os militares montaram na administração pública estava corrompido. O regime que começara tendo como justificativa caçar "comunistas" terminava com a volta da esquerda querendo compartilhar o poder, um poder agora assentado sobre bases corruptas bem consolidadas. Duas décadas depois de término do Estado de Exceção, a esquerda, que naquele tempo não detinha quase nada do controle da máquina pública, começa agora, por cima da carne seca, a padecer daqueles mesmos males do Regime Militar depois de corrompido.

É nos cargos chaves de controle da máquina administrativa que podemos observar o trânsito dos vários grupos políticos que se alternam nos inumeráveis cargos comissionados. Cargos que eram para garantir o controle da máquina estatal e a execução dos projetos do governo e demais setores do Estado, servem exclusivamente ao arranjo fisiológico de acomodação de diversas forças políticas no poder e navegam a deriva no desarranjo da burocracia. O cidadão contribuinte financia os próprios instrumentos de dominação social que o subjugam. O governo Cabral loteou a máquina pública entre PMDB, PT e outros. O PT passou a cumprir um papel histórico de protagonista da corrupção do poder público, prosseguindo nessa verdadeira peça que a História nos pregou, tais foram os resultados de corrupção que o governo Lula alcançou. Quantos anos o STF vai levar no julgamento da quadrilha do mensalão?

Esses dias no RJ, todos os servidores do Estado na rua reclamando de salário pararam o trânsito, ocuparam todos os noticiários e o Cabral oferece um aumento literalmente do tamanho de uma balinha. Oito meses de governo e o Cabral começa a afundar cada barco da sua frota em várias áreas do governo. Na Segurança, mata inocentes com balas perdidas e revela pouco uso da inteligência no combate ao crime. Nem com o alto astral do Pan conseguiu reverter o ambiente e a sensação de domínio do crime. Passado o êxtase da festividade, voltamos à nossa triste e dura realidade de violência e desordem cotidiana.

Diversas embarcações da esquadra do Cabral navegam a deriva, estão fazendo muita água e já vão ao largo. O barco do meio ambiente é dos que mais está fazendo água e se distancia. Navega em águas poluídas. Está sendo engolido pela degradação ambiental e naufraga num lodaçal de acobertamento de crimes, de omissões, de mentiras em público, de incompetências diversas. A cota do governo federal no governo do Cabral pode vir a se tornar um estorvo para o governo do estado e uma queimação para o governo federal. Dizem por aí que o PT do Rio é o pior PT do Brasil...

O Comandante da Nau Ambiental perde-se em Vaidades & Corrupções. É o antigo deputado vintenário, que ora está secretário e continua varrendo para debaixo do tapete as próprias sujeiras que produz. É “o” ambientalmente incorreto. Sua relação com o meio ambiente é unicamente teatral, um palco para acender seus holofotes políticos. Apenas a principal fachada esculpida por sua estratégia de marketing. Há duas décadas, fiz campanha para eleger o deputado vintenário no seu primeiro mandato. Antes do término desse primeiro mandato já fora possível observar-se que se tratava de mais um oportunista de esquerda que surgiu no apagar das luzes do Regime Militar. Falava até em descriminalização da maconha. Se tivesse aprovado estaria voltando atrás agora... Parece que se confirma historicamente o PT ter sido uma concessão e apoio dos militares a alguns setores da esquerda para desmembrar das correntes comunistas e populistas. Dividir para governar... Dá-lhe Golberi! Muito mais malvadeza que o ACM! Depois de morto teu projeto continua em curso! Quem diria que alguns grandes ícones da esquerda viriam historicamente compor o enorme entulho corrupto e autoritário que o Regime Militar nos legou? Mas será que estava previsto vazamentos e processos no STF pela primeira vez na história?

Às grandes indústrias de dominação e corrupção estatal, tais como a Seca do Nordeste, a Saúde Pública, a Merenda Escolar etc., vieram se somar outros grandes filões de faturamento na máquina administrativa como a Violência e o Meio Ambiente. O primeiro é o campeão dos noticiários. O segundo tem concedido ganhos políticos incomensuráveis a pilantras que mal se assemelham a um natureba de asfalto. Pessoas que passam a maior parte do tempo em ar condicionado e expostos à luz fluorescente e passam a decidir acerca das questões ambientais. É por isso que o Rio de Janeiro hoje já tem até criminoso ambiental (despachante ambiental) foragido, com a Polícia Federal atrás dele. É pois no meio deste ambiente que, durante duas décadas estaduais, o deputado ateve-se a forjar leis e instrumentos de regulação ambiental que resultaram em restrições pouco mais severas aos degradadores. Instrumentos legais, muitos deles, tecnicamente mal formulados para facilitar a distorção, por vezes violando instrumentos federais hierarquicamente superiores, tais como a Constituição da República. Agora trata de revogar essas leis, uma por uma, alcançando ainda mais altos níveis de ilegalidade, numa aparente venda de facilidades para as dificuldades que criou.


Serra da Tiririca

Após ostentar por uma década em seu site a falsidade do Parque Estadual da Serra da Tiririca como uma lei cumprida, sem nunca e até hoje se ter um realizado um único levantamento fundiário decente, um plano de manejo qualquer, um simples zoneamento ecológico, nada no sentido da implantação efetiva da unidade de conservação. Inaugura sua administração no Executivo cometendo apenas a maior fraude ambiental da história do Brasil. Aliou-se aos laranjas do PMDB defensores da diminuição e revogou o decreto de 1993 que delimitou a unidade de conservação. Entregou valiosíssimas porções de terra, importantíssimas para a preservação do parque, para o desmatamento, para a especulação imobiliária, ao mesmo tempo em que acobertam crimes ambientais de flagrante dolo, alguns cometidos por seus próprios quadros políticos, lixos da banda podre do partido, outros por personagens participantes do jogo político e da corrupção instalada na máquina administrativa. Sob a conceituação técnico-falaciosa dos limites provisórios/definitivos, escamotearam uma descarada diminuição do parque em quase um terço e ainda de quebra acobertaram fraudes cartoriais e invasões de todos os tipos. Cedeu a uma proposta ilegal, inconstitucional, que há uns oitos anos vinha sendo recusada, porque além da degradação ambiental haverá de recrudescer antigos conflitos fundiários na serra, desta feita, favorecendo a grilagem de terras públicas e privadas.


Deserto Verde
A outra lei de sua autoria que está revogando é a do deserto verde, em benefício do lobie da celulose. Não que o eucalipto não seja uma planta maravilhosa, medicinal, madeireira, melífera etc.. Nem que a indústria da celulose não tem importância. Toda biomassa tem importância! Tampouco reconhecer que bem melhor seria uma roça de toco de eucalipto do que o estado de degradação em que se encontram algumas terras no estado. Não, nada disso. O que causa espécie neste caso é a falta de sensibilidade do homem público para os problemas sociais. Não consegue formular no sentido de gerar muito mais riqueza por hectare e promover distribuição de recursos em nível estrutural. Poderia até conciliar a celulose com outras culturas e providências de recuperação da Mata Atlântica. Tudo gerando renda e regularização fundiária para a população e não para multinacionais. Meu Deus! Encaixa a multinacional neste processo produtivo de modo contributivo, cooperativo, sob controle, civilizadamente. Mas não: é a adoção de uma mentalidade que não contempla em absoluto o princípio da distribuição equilibrada dos recursos na sociedade. Talvez seja pedir um pouco demais para uma mente tão elitista, cuja capacidade de pensamento não consegue abranger um universo pouco maior que a Zona Sul do Rio de Janeiro.


Morro do Morcego
Eis pois que o Comandante da Nau Ambiental, nesta frota do Cabral, no anti-local da fundação carioca, no lado de cá da entrada da baía de Guanabara, no Morro do Morcego, vem a público, dá faniquitos políticos e se diz ofendido por que o chamaram de cacique. Por que será? Não gosta da idéia de ser confundido com um índio, conforme respondeu literalmente? Que escorregada preconceituosa... Por causa disso deu pití e não quer mais conversa. Mandou o CCOB ir discutir com outro. Desviando a atenção para o fato de que, todo o tempo nesse debate, era conhecedor de um licenciamento dado pela prefeitura para o corte de árvores que estava sendo denunciado. Parece afinal que a falta de combustível, o problema do CCOB com o governo e os outros argumentos improcedentes, eram apenas desvios de atenção. Ato deliberado de descumprimento do dever, daquele que está no comando e recebe a demanda da sociedade, que quer, porque quer, a preservação do Morro do Morcego. Mas essa chefia se ofende com um tratamento jocoso que até confirma o seu o poder e sua autoridade. Comete um disparate: foge ao seu dever negando utilizar os instrumentos que o poder de estado confere à sua pessoa e tenta fazer parecer que sua autoridade estaria contestada. Ou é um idiota ou pensa que idiotas sejam os cidadãos.

Ora, ninguém tem problema de relacionamento com o poder público aqui. É que nóis aqui do lado de cá é diferente de Zona Sul. Nóis aqui é papa-goiaba. Se nóis tá com pobrema aqui, nóis apela é pro governo e no governo nóis gosta de falá é com o chefe. Aqui nóis tem cacoete de capitalr do estado tambéim. O papa-goiaba está hoje para a cidade do Rio de Janeiro como o carioca está para Brasília. Pro funcionalismo a dor de corno é a mesma... Agora, se o secretário num é chefe, num é cacique, então pega seu boné e pula fora daí, porque se estão devastando e ocupando o Morro do Morcego o governo vai ter que responder por isso. Se não é cacique, tuxaua, pahi, chefe, manda-chuva, líder, comandante, governo, autoridade ou o escambau que consiga ter uma atitude equilibrada de comando, o que será afinal um Secretário do Estado do Rio de Janeiro? Virou cabide de emprego também? Igual à maioria dos seus subordinados ocupantes dos cargos comissionados? Que eu saiba, acima do cacique do meio ambiente aqui no Rio de Janeiro só tem o Cabral. Ou será que o secretário não manda nada mesmo e o faniquito político teria sido apenas um ato falho?

Parece que o deputado vintenário ainda não largou o cacoete de parlamentar ou, agora então secretário, a sua vaidade acabou por obstruir de vez sua percepção. Ainda não se deu conta de que está secretário, de que é Executivo, que agora é vidraça. Não dá pra dar um daqueles pitís de deputado e sair do plenário. Não é assim que toca a banda no Executivo, esfera estatal que nunca freqüentou. Agora que tem que fazer coisas, resolver problemas, dar respostas, pois ele e sua equipe são pagos pra isso. Sim: tecnicamente são servidores públicos. Estão ali para servir aos cidadãos. Mas a vaidade lhes impede essa percepção a ponto de acharem que nos enrolam contra-argumentando evasivas. Têm que responder ao CCOB sim, todas as demandas que apresentar, por mais ríspido e indelicado que seja o tratamento recebido. Imagina! Quem acoberta crimes no uso de suas funções públicas não tem que estar por aí botando banca. Tem mais é que baixar o facho e se ligar que o cidadão pode se encher e acabar por impor limites à hipocrisia política, ao crime e à corrupção. Temos bons exemplos na História de práticas autoritárias, arbitrariedades e corrupções que foram respondidas pela população à altura de suas próprias derrotas. Ninguém xingou ninguém aqui. Maldizer e escarnecer não arranca pedaço. Às vezes, para alguns, dá até mais holofote e visibilidade política. É por isso que alguns de nós por aqui no movimento social praticamos o desgastante e tão necessário ofício da denúncia, mas com bom humor e inteligência, pra não ficar dando muita mídia pra pilantra. Fiquem calmos porque ninguém propôs ainda botar esse secretário de lá pra fora. E até que algumas tiradas do pessoal do CCOB são bem humoradas e divertidas... Mincostos, Minchupas...


Agora é cinzas
Para completar o repertório de insultos à mais burra das inteligências, nos empulham com uma balela de que pegaram carvoeiras enormes. Eu teria vergonha... Num estado como o nosso, minúsculo, devastado, cheio de estradas e caminhos seculares, em pleno século XXI, com tecnologia aí na mão pra fiscalizar com sensoriamento remoto quase em tempo real... O que é isso? Acontecer a instalação de carvoarias, por menores que forem, que levam semanas só para serem montadas, envolvem dezenas de pessoas diretas, centenas indiretas. A comercialização não é tão simples, dá bandeira antes de fazer o carvão... Deus do céu! Isso só significa uma coisa: que no nosso estado não tem fiscalização nenhuma. Fala sério! Tamanha incompetência só pode ser deliberada.


Forrageiras para a assessoria

Por fim, colonião é uma praga sim, ma non tropo. Muito melhor o colonião revestindo e protegendo o solo que deveria estar sendo monitorado e fiscalizado e pelos órgãos públicos, ali executando o manejo e plantio das espécies vegetais, no sentido de manter e restabelecer a paisagem natural do local, princípios da preservação permanente ali aplicada. Mas não. Ao contrário, o tipo de relacionamento dos órgãos públicos com o Morro do Morcego resume-se a tráfico de interesses, projetos de leis concedendo espaços imobiliários, palanque e holofote pra propaganda política e tudo de mais de desprezível em matéria de mal sentimento para com o meio ambiente e a vida.
Para a praga do colonião resta-nos a esperança de que algum Tapirus terrestris da criação comissionada do cacique ambiental vá até lá e dê cabo dessa gramínea de muito bom valor nutritivo para paquidermes. A “praga” do colonião ao menos terá cumprido seu papel na cadeia alimentar e no processo de regeneração da mata, onde as gramíneas são as verdadeiras pioneiras. Praga pior é a corrupção que deixa esse colonião crescer e licencia corte de árvores. E muito pior do que chamar de cacique é chama-lo de falso e mentiroso, por vir aqui somente de corpo para fazer suas fanfarronadas auto-promocionais. Esteve aqui de corpo, mas sua alma nunca esteve aqui, nem no Morcego, nem na Tiririca. Será que não pode dedicar-se de corpo e alma porque precisa nos esconder algumas das facetas do seu caráter? Escamotear alguns dos indicadores inequívocos do espírito criminoso?